Contexto natural e urbano

O Rio Belém é um dos seis principais rios que atravessam Curitiba de norte a sul, todos desaguando no Rio Iguaçu no extremo sul da cidade. São eles, além do Rio Belém, o Rio Passaúna, Rio Barigui, Ribeirão dos Padilhas, Rio Bacacheri e o Rio Atuba. A Bacia do Rio Belém possui uma área de 87,62 km2, o que corresponde a 20% da área do município. Sua população total, segundo IPPUC no ano de 2010, era igual a 474.421 habitantes.


Mapa apresentando as Bacias Hidrográficas de Curitiba, destaque para a Bacia do Rio Belém
A Bacia do Rio Belém comporta ainda outros corpos d'água que deságuam em seu leito, como o Rio Pilarzinho, o Rio Ivo, o Rio Juvevê, o Rio Água Verde e o Rio da Vila Guaíra. Recebe também pequenos córregos que definem importantes pontos na paisagem, como os córregos da Vila Diana, Gava, dos Imigrantes, Primavera, da Serraria, do Bigorrilho, do Aviário, do Prado, do Curtume, Santa Bernardethe, Henry Ford, o córrego da Rua Evaristo da Veiga, da Rua Cel. Luiz José dos Santos, da Rua Waldemar Loureiro Campos e, finalmente, o córrego do Areiãozinho. 

Mapa apresentando a Bacia do Rio Belém com seus principais afluentes
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O Rio Belém nasce no bairro Cachoeira e segue pelos bairros Abranches, Barreirinha, São Lourenço, Ahú, Centro Cívico, Centro, Rebouças, Jardim Botânico, Prado Velho, Guabirotuba, Hauer, até encontrar sua foz entre os bairros Uberaba e Boqueirão.

 Em seu trajeto passa por cinco parques urbanos, criados às suas margens visando à preservação ambiental e contenção de enchentes. São eles, ordenados por ano de inauguração: o Passeio Público (1886), Parque São Lourenço (1972), Parque Iguaçu (1976), Bosque do Papa (1980) e Parque Nascente do Rio Belém (2001).

O rio passou por diversos ciclos de uso desde que a cidade começou a surgir à sua volta. Se originalmente dava suporte a atividades agrícolas e industriais, sentindo a pressão da crescente ocupação urbana, hoje se apresenta com alto grau de contaminação, servindo principalmente como meio para escoamento de efluentes urbanos.

O Instituto Ambiental do Paraná - IAP - realiza a avaliação da qualidade das águas do rio desde 1992 em nove pontos amostrais ao longo do curso do Rio Belém, sendo sempre incluído na categoria: “poluído” ou “muito poluído”. Estima-se que esses resultados sejam consequências do lançamento de dejetos de esgotos domésticos e efluentes industriais. Além dos efluentes lançados diretamente no Rio Belém, há uma significativa contribuição da malha de rios e córregos que já chegam poluídas ao rio, após terem percorrido áreas da bacia que sofrem com a influência da má ocupação residencial e industrial.

Apesar da poluição e da degradação de suas margens, o Rio Belém continua vivo. Em entrevistas informais realizadas com moradores da região foram levantados alguns dos animais que são comumente vistos ao longo do rio. São peixes, répteis, aves e mamíferos, descritos abaixo: 


Tabela da fauna que se encontra nas margens do Rio Belém
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O leito do Rio Belém já não possui o mesmo desenho natural de sua origem: em alguns trechos foi retificado acompanhando o desenho urbano, em outros foi canalizado ou ainda corre no subterrâneo da cidade, emergindo em alguns momentos e resistindo às pressões da intensa ocupação urbana.

Ao longo do rio identificamos trechos em que seu leito aparece com o desenho natural, nos bairros Cachoeira, São Lourenço, Jardim Botânico, Rebouças e Prado Velho. Encontramos o leito canalizado, em canaletas de concreto, nos bairros Barreirinha, Ahú, Centro Cívico e Bom Retiro e o leito retificado nos bairros Guabirotuba, Hauer, Uberaba e Boqueirão. Finalmente, no Centro da cidade, temos o rio correndo no subterrâneo.

Os tipos de margens ao longo do rio possuem características bastante diversas, em alguns trechos apresentam mata ciliar nativa preservada e em outros ausência completa de vegetação. As edificações estão presentes ao longo de todo o percurso, muitas delas implantadas sem considerar a faixa mínima de drenagem, algumas inclusive coladas no leito do rio. 

Mapa indicando os tratamentos do leito do Rio Belém

A variação de volume das águas de um rio pode, eventualmente, levar ao transbordamento, situação agravada com a presença da ocupação urbana. A impermeabilização do solo, ou seja, o uso de materiais que não permitem que as águas sejam drenadas, como o asfalto, aumenta o nível da água acima do solo em casos de inundação. Concentrações de líquidos, lixo e outros tipos de materiais jogados no rio e também a erosão das margens influenciadas pela falta de mata ciliar, agravam as inundações, uma vez que aumentam o volume de água do rio ou diminuem a área de escoamento em seu leito.

Os alagamentos, a poluição e o mau cheiro são temas sempre associados ao rio, mesmo nas áreas próximas da nascente são relatados alagamentos frequentes depois de chuvas torrenciais. Nessa porção do Rio Belém muitos moradores antigos dizem que anos atrás era possível utilizar da água do rio para lavar a roupa, pescar e se banhar.

Os corpos d'água urbanos foram muitas vezes vistos como um empecilho ao desenvolvimento urbano. No entanto, há uma mudança nessa visão quando se pensa no conceito de cidade sustentável, no qual se passa a valorizar os rios e córregos urbanos como um fator de qualidade ambiental, social, cultural e econômica.

A presença da ciclovia é um fator de grande qualificação do espaço urbano e o Rio Belém possui em alguns trechos essa via, estimulando que ciclistas e pedestres frequentem a região e estabeleçam uma relação com o rio e seu entorno.

A ciclovia encontra o Rio Belém no Parque São Lourenço e desce com ele até o trecho sul do rio, com alguns pontos de interrupção. Até mesmo no Centro da cidade, trecho em que o rio está canalizado e submerso, a ciclovia acompanha o traçado do rio. Possivelmente, o ciclista mais desavisado que pedala pelo centro da cidade não sabe que tem um rio sob suas rodas.

Vale destacar que as políticas públicas de mobilidade urbana têm assumido uma postura pouco ativa na inclusão da bicicleta como modal de transporte, fato diagnosticado pelo estado de conservação da ciclovia, especialmente no trecho sul do rio.

Outro elemento que se destaca na paisagem do rio é a presença de pontes, sejam exclusivas para pedestres ou para cruzamento de veículos. Encontramos ao longo de todo o rio pontes menores de madeira ou ferro e também passagens de veículos estruturadas em concreto no prolongamento de ruas movimentadas, onde muitas vezes o rio passa despercebido pelos motoristas.

Embora as pontes sejam elementos de presença marcante física e simbolicamente, uma vez que são responsáveis pela transposição de uma margem à outra do rio, nem sempre encontramos no entorno desses cruzamentos um tratamento paisagístico adequado que promova a interação social e ambiental do cidadão com o rio, geradora de vivências e significados. 

Mapa de localização de ciclovias

Mapa com destaque para a localização de cruzamentos sobre o rio Belém 

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